quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Estresse e depressão

Além das já citadas doenças que podem ser desencadeadas pelo estresse, descobriu-se não há muito tempo que a depressão também pode ter relações com síndromes de estresse prolongado. Essa questão foi tema de uma reportagem da Revista Brasileira de Psiquiatria de um edição de 2003, que explicava o seguinte:
"O estresse parece ser um dos principais fatores ambientais que predispõem um indivíduo à depressão. Em cerca de 60% dos casos, os episódios depressivos são precedidos pela ocorrência de fatores estressantes, principalmente de origem psicosocial. Além disso, a conhecida influência de fatores genéticos no desenvolvimento da depressão poderia ser decorrente de um aumento da sensibilidade a eventos estressantes. Em pacientes deprimidos, o controle inibitório da atividade do eixo HPA parece estar comprometido." (Eixo esse já explicado em postagens anteriores.) "Eles podem apresentar
níveis basais elevados de cortisol e não responderem ao teste de supressão com o corticosteróide sintético dexametasona. O envolvimento do eixo HPA na neurobiologia da depressão é apoiado, ainda, pela observação de que indivíduos com síndrome de Cushing apresentam déficits cognitivos e alterações na estrutura e função hipocampais, semelhantes àquelas encontradas em pacientes deprimidos. A maior parte dos modelos animais de depressão, como o nado forçado e o desamparo aprendido, avalia o desenvolvimento de alterações comportamentais e fisiológicas em resposta à pré-exposição a evento estressante inescapável. Em humanos, níveis elevados de cortisol durante a vida predizem atrofia hipocampal e têm sido relacionados à diminuição hipocampal e aos déficits cognitivos observados em pacientes deprimidos. Drogas antidepressivas poderiam prevenir a atrofia hipocampal nesses indivíduos. O tratamento crônico com essas drogas aumenta a neurogênese, e a expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no hipocampo de ratos. Este fator neuroprotetor é diminuído por exposição ao estresse e sua administração, tanto periférica como intrahipocampal, promove efeitos antidepressivos em modelos animais de depressão.

Recentemente foi demonstrado que o bloqueio radiológico da neurogênese hipocampal impede o desenvolvimento dos efeitos comportamentais dos antidepressivos em camundongos e que animais com níveis diminuídos de BDNF ou alterações nos seus receptores não respondem a estas drogas. Isto sugere que o efeito terapêutico dos antidepressivos poderia depender desse efeito neuroprotetor no hipocampo. Estes dados indicam que eventos estressantes teriam um efeito neurotóxico sobre o hipocampo, provavelmente mediado pelo aumento de GCs( glicorticóides), predispondo ao desenvolvimento da depressão. Antidepressivos, por aumentarem as neurotransmissões serotoninérgicas e/ou noradrenérgicas, atuariam prevenindo ou revertendo esses processos. Esta hipótese tem atraído grande atenção atualmente. No entanto, ela ainda não pode ser considerada a hipótese “unificadora” da depressão. Não explica, por exemplo, porque o bloqueio da neurogênese não torna animais mais “ansiosos” ou “deprimidos” em modelos animais. Além disso, a depleção aguda de serotonina em pacientes que estão fazendo uso de antidepressivos que inibem sua recaptação induz piora imediata do humor. Neste caso não seria esperado que o efeito
neuroprotetor obtido após tratamento crônico fosse revertido pela depleção aguda desse neurotransmissor. Finalmente, resta o desafio de entender como os novos neurônios gerados melhorariam o quadro depressivo e, numa perspectiva maior, como as funções do hipocampo se relacionariam com a depressão."



Naira Oliveira Ferreira

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Analgésicos: amenizando a dor

Os mais utilizados e comuns são os antiinflamatórios, ja citados no ultimo post, que atuam ou na inibição da ciclooxigenase, como a aspirina,ou na inibição da fosfolipase, por exemplo os corticóides.

Já os Narcóticos são substancias derivadas do ópio, que é um liquido extraído das sementes da papoula. Atuam no cérebro ligando-se a receptores de opióides. Existem tipos endógenos, endorfinas e encefalinas, e exógenos, morfina e codeína, sendo alguns sintéticos, como a metadona. Os opióides endógenos são péptidos (pequenas proteínas). Os fármacos opióides usados em terapia apesar de não serem proteínas têm conformações semelhantes em solução às dos opióides endógenos, activando os receptores em substituição destes.

Os receptores opióides, pertencem à família dos receptores acoplados à proteína G, inibem a adenilato ciclase, reduzindo assim o conteúdo intracelular de cAMP. Dessa forma há a facilitação da abertura dos canais de K+ (causando hiperpolarização) e inibem a abertura dos canais de Ca2+ inibindo a acção de transmissores e regulando a voltagem. Por isso, o efeito global ao nível cerebral é inibitório.





Os anestésicos locais bloqueiam fisicamente por interacções lipofílicas (ocluindo o poro) os canais de sódio das membranas dos terminais dos neurónios. Como o potencial de acção é dependente do influxo de sódio, ao não ocorrer não há propagação do sinal nervoso. Os neurônios com axónios com menor diâmetro são mais facilmente bloqueados, o que permite ajustar a dose de forma a não inactivar os neurónios motores, mas apenas os sensitivos e os do sistema nervoso autónomo, já que os motores têm diâmetros consideravelmente maiores. A administração local concomitante de um vasocontritor reduz os seus efeitos sistémicos e potencia e prolonga os seus efeitos locais.




  • Curiosidade:
Acumpultura: a estimulação cutânea em sítios corporais específicos sensitivos, produz impulsos eletricos que chegam ao cerebro e desencadeiam reações bioquimicas, provocando a liberação de substancias que causam bem estar, como acetilcolina, cortisol, encefalinas, endorfinas, dopamina, noradrenalina, serotonina, atuando inclusive sobre o sistema límbico.

Fernanda Fraissat Santana